O Conselho Departamental da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) em Passos (MG) aprovou, por unanimidade, uma deliberação para expulsão de um estudante do curso de Direito acusado de racismo e assédio contra uma funcionária e alunos da instituição. Os crimes teriam ocorrido em 2022 e 2023 e o caso foi enviado para decisão na universidade em Belo Horizonte.
Segundo informações da instituição, a decisão foi tomada no dia 13 de março, durante reunião do conselho, órgão máximo deliberativo da unidade, e que teve a participação de 45 membros. O estudante é morador de Piumhi e estaria cursando o terceiro ano do curso.
Ainda segundo a universidade, o caso foi encaminhado para o Conselho Universitário (Conun), em Belo Horizonte, onde deverá ocorrer nova reunião para deliberação definitiva sobre o caso, ainda sema data definida.
Em novembro de 2023, a direção da instituição foi procurada por alunos e servidores por conta de supostos casos de racismo, homofobia e assédio cometidos pelo aluno. Um dos casos seria sobre o estudante ter associado uma servidora à imagem de uma macaca.
Em entrevista, dois alunos da universidade relataram ter convivido com o estudante e presenciado supostos atos racistas, que teriam sido cometidos por ele em 2022. Os entrevistados frequentavam o Bloco 5 (Cire) da instituição, onde o rapaz estudava.
“Eu não era próximo dele, mas frequentava o Cire. Éramos de cursos diferentes. Eu vi ele tendo atos claramente racistas, que, para ele, pareciam não significar nada, e atos que, particularmente, eu enxergo como assédio”, afirma um dos alunos.
“Atos que eu presenciei ele falando: comentando sobre o corpo de mulheres pretas e sobre o cabelo cacheado delas, entre outras coisas. Eu nunca vi ele falando de homens, só falava de mulheres. Isso mostra que ele é um covarde. Tem peito para falar de mulher, mas não tem coragem para falar dos homens”, disse.
Outro estudante relatou que teria sofrido racismo e que presenciou uma amiga que teria sido assediada algumas vezes pelo rapaz. “Eu saia de Piumhi para Passos e a gente pegava ônibus. Esperávamos até umas 22h30 no ponto, e ele tentava amigar comigo e uma amiga. Uma vez, ele fez o vestibular da Uemg e não passou e colocou a culpa numa aluna negra que entrou pela cota racial”, disse.
A estudante também relatou um caso em que sua amiga estava mostrando fotos na galeria do celular e passou por uma de biquíni. O rapaz viu e a teria chamado de “gostosa”, em tom agressivo, que incomodou a jovem. “Ele foi nojento, comentou sobre o corpo dela. Não foi de bom tom como um ‘Bonita’. Ele falou ‘Nossa que gostosa, você esconde isso debaixo da roupa?”, disse.
“Uma vez, no frio, eu cheguei na faculdade de agasalho e ele passou a mão em mim e disse ‘Nossa. Você tá tão bonita hoje. Você tem namorado?’. Tudo isso sem intimidade nenhuma. Foi bem assustador”, afirma.
Outro aluno também relata que o jovem teria defendido o regime nazista da Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial em sala de aula. O estudante teria chegado a fazer saudação nazista e teria elogiado Adolf Hitler.
(Clic Folha)